A prova tem um percurso total de 73 km divididos em 8 trechos.
A altimetria variada e as dificuldades proporcionadas pelo difícil percurso testam pra valer o preparo físico dos atletas. Não existe vida fácil nesta prova, todos os trechos exigem garra, força, determinação, técnica, mas acima de tudo, exige amor por esse estilo de corrida.
O clima de competição ganha ainda mais emoção por conta da contagiante vibração dos integrantes das equipes que se espalham pelo percurso com objetivo de incentivar seus "guerreiros na batalha".
Há um sentimento de confraternização que envolve a todos e torna o Mountain Do Lagoa da Conceição uma prova diferenciada e inesquecível.
O evento se divide em três dias, Sexta (11/10) entrega dos kits, simpósio de abertura e coquetel de confraternização. Sábado (12/10) a corrida e domingo (13/10) premiação e almoço de encerramento.
Meu esposo nos acompanhou no dia da prova. Por motivo de compromisso familiar não participei do simpósio de abertura na sexta-feira. No sábado encontrei com Vera que estava com os kits. Nossa largada estava marcada para 8h (depois ocorreram outras largadas). Traçamos a seguinte estratégia, eu faria a largada e Vera fecharia a prova... Ficou assim: Simone trechos 1, 4 e 5, 7 total de 35 km e Vera trechos 2 e 3, 6, 8 total de 38 km.
"Largada no LIC. Comecei em um ritmo confortável, fui cautelosa pois sabia que teria que correr mais 3 trechos posteriormente. Foi emocionante os primeiros km, a galera das equipes acompanhando de carro seus atletas, incentivando, buzinando, uma festa!
Foram 5 km de asfalto pelas ruas da Lagoa da Conceição com algumas subidas consideráveis e depois chegamos à Praia do Campeche onde encaramos trilhas, dunas e um pequeno trecho de praia. Não preciso dizer que correr em dunas é uma loucura, você patina, patina e não sai do lugar, subir morros nas dunas então, é a glória!".
Terminei meu primeiro trecho sentindo-me muito bem.
"Posto de troca Novo Campeche. Iniciei o trecho 2 sabendo que teria que administrar bem minha corrida, pois dali para frente teria que correr 38 km, divididos em três partes. Após sair do calçamento peguei a Praia do Novo Campeche com areia fofa. Ali encontrei com muitas pessoas caminhando de tênis na mão, dentro da água. Decidi correr na areia fofa e não molhar meu tênis pois dobraria o trecho . Antes de chegar na Praia da Joaquina um grupo de pessoas bateram palmas e deram parabéns, isso me deixou confiante e feliz".
"Posto de troca estacionamento da Praia da Joaquina. Era hora de pegar as dunas, ou como é conhecido localmente, o "Waimea". Neste trecho o vento castigou, mas fiz o que pude. Acabando as dunas peguei uma trilha com vegetação de restinga e me joguei, era descida, o que significa dizer que logo viria uma subida por trilha. Mas estava no meu "terreno" já que treino em trilhas constantemente. o sol das 10h da manhã castigava, mas a recompensa foi uma das vistas mais lindas que já vi. Uma imensidão de mar, abaixo de mim...".
"Posto de troca na Praia Mole. Pouco mais de 1 km de praia, com areia muito mole onde afundavam os pés e dificultava um ritmo mais forte. Ventava muito e fazia bastante calor, o sol marcou presença aumentando as dificuldades. A trilha é puxada com subidas íngremes, porém o visual é espetacular. Dos trechos que fiz, elejo esse como o mais difícil, ele termina na Barra da Lagoa. Apesar de desgastante foi um trecho muito motivador. Cláudio Rafael (Rafa), namorado de Vera, me acompanhou neste trecho, ter alguém incentivando, puxando, faz toda diferença. Fica meu agradecimento! Como eu dobraria o trecho 5, fiquei apreensiva, saber equilibrar o ritmo e guardar energias era importante para continuar firme em mais um trecho".
"Posto de troca no Projeto Tamar, Barra da Lagoa. Como dobrei os trechos passei no posto e segui minha jornada. Esse foi o trecho mais tranquilo, quase todo dentro das trilhas do Parque Florestal, lindo demais, sombra e percurso todo plano. No início trilha com areia fofa e depois mamão com açúcar. Seria perfeito (estava bom demais pra ser verdade) não fosse os últimos 2 km. O final do percurso foi pela Praia do Moçambique, a maré estava alta, vento nordeste muito forte e areia movediça como passarela. Como a praia é de "tombo", tem-se que correr de lado, outra dificuldade. Foi muito duro esse pequeno trecho e houve um desgaste grande, tentava correr, mas o vento me empurrava pra trás e meus pés enterravam, cheguei morta com farofa, tive vontade de chorar, confesso...mas cheguei, ufa!!".
Posto de troca na Praia do Moçambique. Já passava do meio dia quando Simone vinha surgindo na Praia do Moçambique. Sabia que o trecho dela tinha sido sofrido, pois eu já havia enfrentado a maré alta no Campeche. Corri por uma estrada de chão margeada por pinheiros o que me salvou do sol. Neste trecho "quebrei". Reta não é meu forte. Logo veio a Duna, aproveitei para fazer algumas ultrapassagens pois ali estava mais familiarizada com o terreno. Mas, ai veio o pesadelo: um trecho de asfalto no Rio Tavares, o que me deixou psicologicamente abalada (não gosto de asfalto!) Logo veio uma estradinha de chão e muitas subidas. Resolvi fazer todo esse trecho correndo, não caminhei nas subidas, porque se parasse não sei se minhas penas me obedeceriam para continuar. Deu certo! Fiz mais algumas ultrapassagens e me joguei nas descidas, depois mais 1 km de asfalto até o campo do Lili. Esse foi o pior trecho que corri até então.
"Posto de troca no campo do Lili, Vargem Grande. Estava cansada mas me sentia confiante pra mais um trecho, meu último. Tinha barzinho funcionando e vestiários para quem precisasse tomar banho. Lavei as pernas, troquei meião, tênis, camiseta, alias, fiz isso em todas as paradas, nada como estar seca e confortável pra encarar mais uma etapa do desafio. Segui por uma estrada rural, pequena trilha em morro e 3 km de asfalto para enfim chegar a trilha que me levaria à Costa da Lagoa. A trilha é linda, tem pequenas cachoeiras, subidas fortes e descidas difíceis por conta do terreno irregular. Passei por um sttaf que disse faltar apenas 2 km, alívio! Muito emocionada pude avistar o posto de troca e Vera me aguardando, que sensação maravilhosa, que lugar lindo, que paz!! Entreguei a pulseira e completei a parte que me coube neste projeto.
Peguei o barco para fazer a travessia na expectativa de chegar logo no LIC e esperar Vera para nossa chegada".
"Posto de troca na Costa da Lagoa. Era chegada a hora de fechar a prova. Passava das 15h quando fui para o trapiche da lagoa esperar pela embarcação que nos levaria até o Canto da Lagoa. Eu estava um tanto aflita, porque fiquei com medo de chegar depois da Simone uma vez que demoramos pra sair com o barco. Antes de sair me hidratei bem, consumi carboidrato e proteína e me concentrei em terminar. Era muita responsabilidade. Cheguei uns 15 min antes da Simone e dali segui por trilhas cheias de pedras, mas, ali eu estava "em casa". Pulando pedras, correndo como podia para tentar fechar antes de completar as 9h, prazo limite estipulado pela organização. Foi uma corrida solitária, fiz três ultrapassagens e segui sozinha. Quando passei pelo Canto dos Araças encontrei a Simone sentada, não entendi, mas segui em frente. Faltando uns 2km Rafa, meu namorado, veio me esperar, naquele momento a emoção me dominou, ele dizia "Verinha, você conseguiu!".
Eu não conseguia acreditar que duas mulheres ousadas, destemidas e determinadas tinham acabado de concluir 73 km de corrida em trilhas..."
Houve um desencontro entre mim e meu esposo na volta da Costa da Lagoa, por isso Vera me encontrou sentada. Combinamos de seguir juntos para o LIC para garantir que eu chegaria antes da Vera e deu tudo errado. Depois de muito esperar resolvi ir a pé, alternando corrida e caminhada, mas Vera já tinha passado e não deu tempo. Fiquei muito frustrada, mas já passou, fica o aprendizado.
Competimos na categoria mista porque apenas 2 duplas femininas se inscreveram, desta forma fomos automaticamente transferidas para categoria mista, mas mesmo assim subimos ao pódio, esse fato nos enche ainda mais de orgulho, certamente!
Prova de montanha me fascina. É aqui que quero e prefiro estar!
A adrenalina, o raciocínio rápido e a sensação de liberdade são algumas das razões por tal preferência.
As subidas são puro sofrimento, sofrimento prazeroso, e as descidas pura adrenalina. Os obstáculos e as dificuldades do percurso seduzem e cravam marcas em nosso coração.
Assim foi nossa aventura...
Concluindo:
Sou grata a minha mãe e irmã que cuidaram de minhas filhotas o dia inteiro e ao maridão, claro, que esteve conosco nesta aventura inesquecível. Sem eles nada seria possível.
Sou grata a minha amiga Vera pela confiança em mim e por ter apostado nessa parceria.
Sou grata ao Cláudio Rafael, namorado de vera, pelo carinho e apoio à dupla.
Sou grata aos amigos das redes sociais, em especial os Loucos por Corridas, pelo incentivo, dicas e orientações.
Corremos em dupla, mas nossa equipe era muito maior, cada um com uma função indispensável que nos proporcionou a possibilidade de realizar esse projeto. Muito obrigada a todo vocês!
Pretendo correr agora a Corrida de Angelina para encerrar o ano. Se pintar alguma prova pelo caminho a gente vai, mas provavelmente será isso mesmo.
Obrigada pela visita, bons treinos e até breve!!
