“Quem disse que não dói? Dóói, dói, dói tuuuudo
nessa hora!!”
Essa foi a frase mais repetida pelo locutor do
Mountain Do Praia do Rosa. Cada atleta que apontava na curva para cruzar a
linha de chegada era recebido com uma festa incrível, a minha não foi
diferente.
Mais de 1000 corredores dispostos a enfrentar as
dificuldades impostas por um percurso duro, com trechos muito difíceis, se
reuniram em uma tarde quente e ensolarada na cidade de Imbituba/SC.
Praia do Rosa foi palco de uma festa inesquecível e
muito bem organizada que proporcionou aos convidados momentos de superação e
contemplação.
Corrida de montanha é pura adrenalina, consegue
reunir em uma mesma prova trechos variados. Mountain Do Praia do Rosa oferece
dificuldade para todos os gostos, estradas rurais, subidas íngrimes, dunas,
trilhas, praias...
Este ano de 2013 é a quarta vez que a Praia do
Rosa, considerada uma das 30 baias mais lindas do mundo, sedia uma edição do
Mountain Do, essa foi minha primeira participação.
Organização impecável, falo em causa própria, já
que minha filha Gabriela (2anos4meses) precisou ser atendida pela equipe
médica. Na tentativa de tirá-la de um dos brinquedos por estarem finalizando os
trabalhos e para poder acompanhar a premiação, houve um deslocamento do nervo Ulnar
(cotovelo. Isso acontece em crianças com mais frequência do podemos imaginar,
geralmente provocado por movimentos inocentes, mas que podem tirar o nervo do lugar, como por exemplo o balancinho segurando pelas
mãos que tanto fazemos em caminhadas e passeios, mas essa é outra história). O procedimento é rápido e simples, mas é preciso conhecer a técnica.
Aproveito para registrar um agradecimento especial à competente médica que nos auxiliou.
Ainda sobre a organização destaco os postos de hidratação (água/isotônico) e apoio de
bombeiros que se espalhavam pelo percurso (muito bem sinalizado), kit
sensacional, medalha lindíssima. Espaço Mountain Do Kids (muito útil no meu
caso). Muita fruta, água, isotônico, barrinha de cereal e na chegada uma linda
toalha personalizada.
Essa prova na realidade nunca esteve nos meus
planos devido ao valor da inscrição. Mountain Do é um evento diferenciado, não
cabe no meu bolso, mas se pudesse pagaria certamente, porque vale o
investimento. Mas como a esperança é a última que morre, recorri a minha velha
tática das promoções das redes sociais, desta vez não dependi apenas da sorte e
acabei ficando de fora!
Mas o inesperado aconteceu, minha amiga Vera
(parceira dos revezamentos K42 e 30km Ponta do Papagaio) que recebeu
de presente de um amigo uma inscrição, foi fazer um último treino, sofreu um
acidente em uma trilha e acabou levando alguns pontos no joelho,
impossibilitando sua participação na competição. Sou testemunha do quanto foi
difícil para ela ficar de fora, pois além de amar corridas de montanha ainda é
moradora da Praia do Rosa.
Não tendo alternativa a não ser manter a calma e
aceitar a situação, agiu com generosidade oferecendo-me sua tão desejada
inscrição. Graças a agilidade da organização conseguimos fazer a transferencia, tudo certo, dentro das regras. Um misto de sentimentos, feliz por mim, triste por ela.
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1383 SIMONE ODETE VIEIRA F 37 F3544 3 01:59:25 01:59:00
Isso tudo aconteceu a alguns dias da prova, sair
correndo 18km em montanha, sem um preparo físico e psicológico específico não é
fácil, mas lembrei do quanto foi maravilhoso e significativo participar do K42
Bombinhas, prova semelhante, então decidi encarar e a insegurança foi dando lugar a euforia e grande
expectativa.
Saímos de casa no sábado pela manha, fomos sem
pressa, já que Vera ficou responsável pela retirada do kit. Almoçamos na estrada e chegamos à Praia do Rosa passava das 13h00. Peguei
o kit e algumas instruções com Vera e fui para o Mar Del Rosa, local onde a
estrutura do Mountain Do foi montada.
A largada foi um show a parte. Dois helicópteros
sobrevoaram o local abrilhantando o espetáculo. O locutor animava a galera,
“levanta poeira, Praia do Rosa”, confesso que nessa hora a ansiedade e o
nervosismo já me sufocavam. Primeira largada foi para os atletas dos 9 km, 20
minutos depois largariam os 4 e 18km, é tudo realmente muito alucinante
Dada a
largada seguimos por uma estrada de chão rumo às Dunas do Ouvidor, um trecho
lindo, cansativo, nesse ponto (início das dunas) acaba se formando certo
congestionamento, tem que ser esperto sabendo aproveitar as oportunidades,
porque o relógio não pára.
Saindo das
dunas retornamos à estrada principal, acesso a Praia do Ouvidor, foram 2 km de
estrada de chão, um dos poucos trechos onde é possível acelerar por ser um
percurso plano.
Finalmente as trilhas, todas com mata nativa ainda
preservada, lindas demais!
Terminada
esta parte de trilhas, com vistas de tirar o fôlego, chegamos à Praia Vermelha,
uma praia pequena, mas de uma beleza ímpar.
Começava em seguida um dos trechos
mais lindos e difíceis do percurso, que nos levaria a tão famosa Praia do Rosa. Realmente não tenho medo das trilhas, pego firme nas subidas e desço feito uma louca, eu pensava "meu Deus, me pretege, porque se eu cair vou me matar" rsrsr, delícia.
Um casamento
acontecia na Praia do Rosa, isso mesmo, imaginem a magia deste lugar, um casal
oficializando uma união tendo o mar e o céu azul como testemunhas. Breve olhada
e bola pra frente, mais 2 km de Praia, trecho difícil, o sol forte e a areia
fofa castigavam.
No fim da
Praia do Rosa subimos para uma estradinha de chão (que visual) e saímos na
Praia do Porto Novo, uma prainha minúscula que ainda conserva os ranchos de
pesca. Seguimos por uma trilha que leva a Praia do Luz (me faltam palavras pra
descrever a beleza), fim da trilha pequeno trecho de praia e chegamos no
Caminho do Rei, lindo, um corredor todo fechado pela mata, sensacional, vale
muito o registro fotográfico.
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| Início Caminho do Rei |
Esse
caminho é um tanto traiçoeiro, você acha que é plano, mas é uma subidinha
contínua, que judia da musculatura, que nessa hora já estava pedindo socorro.
Alguns atletas caminhavam, eu não seria do contra, caminhei um pouco também,
aproveitei esse descanso para admirar tamanha beleza, já que na maioria dos
lugares por onde passei, por segurança, não tirava os olhos do chão.
Ultima trilha, subida para o Vale, “quem disse que não dói ? Dóóóiii, dói dóiii tuuudooo nessa hora! “, frase perfeita, entendi seu real significado aqui nesse trecho. Não
parei, mas tinha corredor sentando, se agarrando na cerca, subindo de gatinha, uma loucura.
Fiz algumas ultrapassagens e segui em frente.
Descemos por
uma trilha enlameada e bastante perigosa que sai em um vale com uma estradinha
de terra solta, bastante cansativa. Ali nos disseram que faltavam 2 km
para a chegada, foram os 2 km mais longos que já percorri.
O final do
percurso Mountain Do passa pelo portão da casa de Vera, quando a vi fiquei
aliviada, sabia que faltava menos de 1 km para chegar. Com mais uma atitude admirável ela resolveu
colocar em prática a frase bem conhecida "fazer do limão uma
limonada". Já que não pode correr, resolveu incentivar os atletas que
passavam em frente a sua casa com palavras de apoio e água. Segundo ela, esse
gesto a deixou feliz, pois se viu correndo com cada um deles, desde o primeiro
até o último.
Agora me
restava juntar as forças e me concentrar em chegar. Finalmente avistei a chegada, que pasmem, terminava com uma subida.
“Quem disse que não dói? Dóói, dói, dói tuuuudo nessa hora!!”. Desta vez
a frase foi dita pra mim. Passar pelo portal é muito gratificante, só quem passa
consegue entender a emoção, dei um salto estilo “Marta Ventura de ser”, estava
feito, 1h59m. Olhei em volta procurando meu esposo, ele estava
lá, com a máquina fotográfica na mão, todo orgulhoso, fui a seu encontro, beijo merecido,
abraço aconchegante, descanso desejado, ficaria ali por horas...
Decidi ir embora depois do susto com minha filha, procuro alguém da organização para saber minha colocação e recebo a resposta: “espere, você vai
levar pra casa um lindo troféu”. Eu??? Surpreendente, não apenas a prova, mas
também o resultado, fiquei um tanto feliz, confesso!
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| Premiação |
Pra fechar com chave de
ouro essa inesquecível experiência, fiz parte da festa de
premiação sendo convidada a subir no pódio para receber o troféu de 3° colocada
na categoria 35/44 anos com o tempo de 1h59m cravados. Fui a 12° das 81° atletas a cruzar a linha de chegada nos 18 km, não serei modesta, estou feliz
com meu resultado sim, orgulhosa e cada vez mais apaixonada por provas de
montanha. Ponto negativos (afinal, sempre tem um) foi a falta de uma premiação, além de trofeu, para os vencedores gerais das distâncias 4, 9 e 18km e a distância não conferir com o percurso anunciado, no meu caso 18km.
Pra finalizar, como diria o locutor Maquininha, declaro: “festa linda,
festa maravilhosa!!”
Concluindo:
Vera, obrigada por me proporcionar mais uma vez a
possibilidade de participar de uma prova alucinante. Desejo que você se
recupere logo e volte com força total. Agradeço também meu esposo pela
parceria, paciência e companheirismo.
Por isso afirmo, correr é renascer, voltei da Praia
do Rosa muito mais feliz e realizada, graças a esse esporte maravilhoso.
Experimente, se apaixone, renasça você também!
Obrigada pela visita, bons treinos e até breve!
Saímos (eu, esposo e Gabi) de casa às 14:00h, passamos na UFSC para pegar Vera e seguimos para Jurerê Internacional. Como a negociação das inscrições dos Loucos por Corridas ficou aos cuidados de Renato Ventura, não precisamos nos preocupar com retirada dos kits, ele mesmo fez todo processo, quanta mordomia! 
